domingo, 12 de janeiro de 2014

Dia 28/12 - Dia 3

O dia raiou muito bonito na Praia da Caveira. Acordei cedo, tirei umas fotos e voltei pra barraca. Algumas horas depois, acordei de novo, mas sem aquele calor do dia anterior. Saí e, novamente, meu pai já estava de pé, assim como o Zé. Aparentemente de ressaca, o Zé estava bem menos falante do que no dia anterior, e parecia um pouco constrangido de ter contado toda sua vida na noite passada. Meu pai fez um leite com chocolate pra nós três (mas como tínhamos apenas duas canecas, o Zé buscou algo pela praia, achou uma garrafinha de água, cortou e usou como copo), comemos umas bolachas e pão e o Zé anunciou que ia embora. Ajudamos com a canoa e lá se foi ele, sabe-se lá pra onde...
Fui tirar umas fotos pela praia, e na volta desarmamos o acampamento, com poucos borrachudos como companhia. Arrumamos os caiaques e, às 9h20 partimos pra mais um dia entre céu e mar (Amyr Klink? Não, não conheço...).

O nascer de um novo dia 

Caveira

O Zé e o Capitão

Ipomoea pes-caprae

 Desmontando acampamento

Nosso primeiro objetivo era chegar na praia dos Castelhanos. Pra isso, precisaríamos passar pelo Saco do Eustáquio e Ponta da Cabeçuda. Cortamos direto da Praia da Caveira até a Cabeçuda, fazendo a volta. Assim que se faz essa volta, é possível observar toda a baía dos Castelhanos, até a Ponta do Pirassununga. Tenho que confessar: a visão é bem desanimadora, pois você se dá conta do quanto de mar tem que vencer pra chegar do outro lado da baía. E o pior: nosso plano era entrar na baía e pernoitar lá.

Partindo da Caveira

À esquerda, Ilha da Serraria, com Búzios às direita
 
 Saco do Eustáquio. A praia ao fundo não possui nome.

Adentrando a baía dos Castelhanos. Bem ao fundo, toda a costa que teríamos que contornar.

Remando um pouco mais foi possível ver uma ilhota que existe antes da praia dos Castelhanos, chamada Ilha Ribeirão, e que pensávamos ser o Ilhote dos Castelhanos. Miramos nela e seguimos cortando baía adentro. Chegando mais perto foi possível vislumbrar a praia dos Castelhanos e seu Ilhote, e percebemos que aquela ilha era outra. Foi possível identificar uma praia próxima a essa ilha, que dessa vez acertamos ao imaginar que fosse a Praia do Gato. Decidimos ir pra lá pra esticar as pernas e, às 11h30, lá estávamos, novamente em terra firme. 
Já tinha estado antes no Gato, mas sempre me surpreendo com a beleza dessa praia. A mata chega até à praia. A areia grossa faz com que a água seja bem clara, e as enormes rochas cravadas na areia formam belos monolitos. E, como se não bastasse, existe uma cachoeira um pouco mais adiante que forma um poço que deságua da costeira diretamente no mar. Muito bonito!
Paramos, fomos na cachoeira, descansamos, comemos e tomamos água. Tiramos algumas fotos, e, às 13h05 partimos para o Castelhanos, onde pretendíamos almoçar.

Cachoeira do Gato 

Cachoeira do Gato 

Entre o mar e a cachoeira 

A cachoeira do Gato, um pouco mais para cima 

Cachoeira do Gato

No pocinho da cachoeira do Gato

No pocinho da cachoeira do Gato

Praia do Gato 

Bromélia 

A tal da ilha que nos confundiu, e, lá no fundo, à esquerda, a ponta da Pirassununga.

 Ao fundo, a ponta da Cabeçuda

A praia do Gato e suas esculturas de granito.

A remada até os Castelhanos foi rápida e indolor. A praia estava bem movimentada e, em relação à última vez que tinha estado lá (2005), chegou a impressionar o quanto havia mudado. Muitos restaurantes e campings haviam sido instalados; havia a formação de uma certa vila. Havia muitas mesas na areia, em especial no canto direito da praia. Fomos seguindo, remando paralelamente à praia, até chegar próximo ao riacho que fica em frente à ilhota (agora sim era ela!). Escolhemos um restaurante que tinha tomadas para carregar as bateria das câmeras, subimos com os caiaques pelo riacho e "estacionamos" na areia. Eram 13h30 da tarde.

Entrando nos Castelhanos 

O restaurante escolhido 

Praia dos Castelhanos

Eu pedi um PF de calabresa, meu pai pediu de peixe frito. Deixei as baterias carregando enquanto almoçávamos. Várias pessoas perguntavam sobre os caiaques, de onde vínhamos, o que estávamos fazendo. Após o almoço as baterias ainda não estavam carregadas, então resolvi dar uma volta pra ver a praia... Fui até a ponta direita, depois dei um rolê na ilhota. Tirei umas fotos e voltei pro restaurante, onde o Capitão tinha ficado pra ligar pra casa, em São Sebastião. Mandou notícias e teve notícias da previsão do tempo, que, ao que tudo indicava, estaria ok pelos próximos dias.
Saímos do Castê às 16h30, nosso objetivo agora era chegar à Praia da Figueira, que ficava perto dali, e passar a noite lá. Quando saíamos, fomos abordados por um rapaz que estava com a namorada. Se identificou como Diogo (ou Diego), e disse que havia encontrado o blog na internet, procurando algo no google. Aquilo me deixou surpreso, pois foi a primeira vez que ouvia algo do tipo - eu mesmo já havia tentado buscar o blog na internet usando palavras-chave e não tinha conseguido. Fiquei contente. Ele medisse que era lá do Bairro também, e que acompanharia os relatos. Nos desejou boa sorte e nos despedimos.

Ilhota dos Castelhanos 

Praia dos Castelhanos 

Praia dos Castelhanos 

Praia dos Castelhanos  

Praia dos Castelhanos  

Praia dos Castelhanos 

A remada até a praia da Figueira foi tranquila. De longe, após passar a ponta do Costão, é possível ver a enseada da Figueira, que é bem abrigada. Logo de cara se nota a presença de uma casinha, e, ao se aproximar, observam-se outras na ponta esquerda da praia. Há um pequeno, bem pequeno riacho no canto direito da praia. Chegamos às 17h30.

Ponta do Costão 

Praia Vermelha (se não me engano...) 

Aproximando da Figueira

Ao desembarcar, havia um grupo de pessoas sentadas próximas da praia. Fomos falar com eles, e descobrimos que era a família do sr. Lauro, que viviam na primeira casa avistada por nós, da água. Nos receberam bem, e disseram que podíamos acampar debaixo de um chapéu-de-sol que havia no meio da praia. Movemos os caiaques para lá. Antes de armar o acampamento, resolvemos dar um mergulho pela costeira. O mar estava claro, a luz do sol poente estava ótima. Ficamos ali por um tempo, até que meu pai saiu e eu fiquei um pouco mais, explorando a costeira direita.
Acontece que, em um ato de empolgação e de uma certa irresponsabilidade, ao passar por uma abertura estreita entre as pedras (e imaginar que daria tudo certo), acabei chocando o joelho - na verdade, a parte inferior da coxa - com um pindá, o que me rendeu alguns espinhos cravados como badulaques.

O mergulho do Capitão

Praia da Figueira

Praia da Figueira

Praia da Figueira

Um monstro submarino

Um animal marinho

À linha d'água!

A tal da fenda que desafiei...

...e a lição aprendida.

Tirei os espinhos que estavam pra fora ainda na água e saí. Na areia, avisei meu pai e fui pedir uma agulha pro sr. Lauro, que nos emprestou. Era meio rombuda, mas iria servir. Desinfetamos com iodo e meu pai começou a operação. Até então não estava tão preocupado, pois aquilo já havia acontecido algumas vezes comigo, e o procedimento era tranquilo. Porém, ao conseguir tirar o primeiro, me surpreendi com o tamanho, tinha uns 7 mm! Aquilo me assustou. Conseguimos tirar mais um, mas contamos mais uns quatro que estavam muito profundos pra remover. Fiquei meio paranóico, imaginando a inflamação feia que aquilo poderia causar, e meu pai nem aí, tranquilo... "Isso não vai dar nada!", dizia. Abri bem os furos com a agulha e taquei iodo dentro, imaginando que, se piorasse, ao menos no Bonete havia posto de saúde.


A intervenção cirúrgica

 Um dos espinhos


Devolvida a agulha, armamos o acampamento, tomamos nosso banho no rio e preparamos o fogãozinho de pedras pra jantar. Mas, na hora de preparar... cadê as panelas? Procura pra cá, procura de lá... nada. Teríamos deixado no Castelhanos? Teriam caído no mar? Alguém teria pegado enquanto estávamos no mar, mergulhando? Até agora não descobrimos o que houve, mas o fato era que não tínhamos mais nossos apetrechos de cozinha, álcool pra fazer fogo e a corrente com cadeado pra prender os caiaques (que até agora não havíamos utilizado). Aí foi a vez do Capitão ficar paranóico, pois não tínhamos mais como preparar as refeições. Conversamos, e vimos que, se fizéssemos duas pernas bem longas nos próximos dias, era possível que não precisássemos mais das panelas mesmo. Assim, já com a noite envolvendo toda a praia, jantamos pão, queijo e bolachas com isotônicos. Juntamos os nossos apetrechos próximo às barracas e, meio desanimados pelas agruras do dia, fomos dormir - uma noite mal dormida, pois, além das devidas preocupações nas cabeças dos navegantes, uma chuva caiu durante toda a noite, indicando uma possível virada de tempo. Tudo isso e mais a expectativa pelo próximo dia de remada, que guardava o pior e possivelmente mais perigoso trecho de toda a travessia: a Ponta do Boi.

Hoje remamos 15 km em 3h35min, com velocidade média muito boa: 4,5 km/h, ou aproximadamente 2 nós. Do Gato ao Castelhanos a média foi de 5,1 km/h. Acumulamos, até o momento, 49,4 km de remo.


Um comentário:

  1. Meu, como você achou que passaria por aquela fenda?? Ahahahahah! Sorte que foi no joelho, imagina se fosse na cabeça!

    Sem comida?? Ainda bem que eu não fui.

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