sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Dia 27/12 - Dia 2

Acordei por volta das 9h00, com o calor já tomando conta da barraca. Saí e meu pai já estava de pé, esquentando uma água pro café da manhã. O dia estava totalmente aberto, um belo sol fustigando e os borrachudos ávidos pelo desjejum. Dei um mergulho no poço e fui fazer umas fotos.

O banquete matinal

A calmaria do Poço

Quantos verdes?

Banho de sol 

 Praia do Poço

Tomamos nosso café de bolachas com leite em pó e granola e desmontamos o acampamento. Enchemos as garrafas com água e utilizamos o Clor-in para maior segurança (usamos menos do que o fabricante recomenda, e mesmo assim a água ainda fica com um pouco de gosto de cloro), afinal, um desarranjo gástrico não seria nada bem vindo agora.


Um barco com turistas chegou pra curtir a praia bem no momento que saíamos. Meu pai foi abordado por um deles, que parecia o conhecer. A conversa começou bem (eu notei que meu pai não sabia direito quem era o cidadão), sobre a travessia, etc., mas de repente, o cara começou a falar de umas pessoas desconhecidas, sobre uns fatos estranhos... E meu pai no "aham... aham", esperando uma pista sobre quem seria o sujeito... No final, deu uma desculpa e saímos. "Quem era, pai?" "Não sei.". Seguimos.

Enchendo as garrafas - e aproveitando a cachoeira do Poço 

 Um belo dia pra umas remadas

Pose pra foto!

Remamos por algumas horas, até notei uma movimentação no horizonte... Eram barbatanas! De repente, uma cauda! Meu pai estava uns 50m à frente, tentei chamá-lo, mas ele não ouvia... Comecei então a apitar, e ele notou o grupo de golfinho que se movia para oeste, na direção contrária, a uns 150m de distância de nós. Esse grupo passou, e na sequência, um outro apareceu! Alguns barcos que passavam por ali paravam, ficavam observando... Até que alguns notaram nossa presença e vieram na nossa direção! Eu tentando bater algumas fotos, e os bichos passeando na nossa volta, por debaixo do caiaque... Esse grupo foi embora e logo em seguida um outro surgiu, todos indo pra mesma direção. Calculo que eram, no total uns 20 ou 30 golfinhos. Se alguém conseguir identificar a espécie, por favor, nos avise!

*Atualização - 11/01: a espécie foi identificada! Trata-se do Golfinho-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis). Obrigado ao meu tio Paulo Roberto!










Golfinhando!

Continuamos a remada, em meio às lanchas que regularmente passavam por nós. Decidimos parar na praia da Serraria pra almoçar, e às 13h40 lá estávamos. De pronto, um garoto que brincava na areia com uma prancha de surf apareceu pra ajudar a puxar os caiaques pra cima. Muito curioso, fez um monte de perguntas e respondeu as nossas, e neste processo descobrimos que se chamava Gabriel e que morava na Serraria. Soubemos também que não havia restaurante na praia, mas que "tem um na Guanxuma, minha irmã trabalha lá!". Agradecemos e ficamos na praia, descansando e comendo algo, enquanto o Gabriel saía correndo pro outro canto da praia com a barra de cereal que tinha ganhado. Estávamos discutindo o que faríamos quando um homem, visivelmente alcoolizado, se aproximou com duas latas de cerveja. Perguntou se éramos quem estava dando a volta na Ilha (Gabriel fofoqueiro!) e disse que nos levaria até o restaurante da Guanxuma. "Vou na minha canoa! Se vocês ajudarem a por na água...". Aceitamos a oferta.
Serraria . À esquerda, barcos pescando lula.

 Chegando na Serraria, o tempo fechando...

Gabriel

Saímos da Serraria às 14h20, passamos ao longe pela praia da Caveira e, 40 minutos depois, chegávamos à Guanxuma. Chegamos bem antes do bêbado da praia, a canoa dele era bem pesada (e remar ébrio é um desafio meio grande). Antes de chegar já notamos a quantidade de lanchas ancoradas na baía (que era bem estreita) e o restaurante, que estava bem movimentado. Chegando, um rapaz (que guiava os botes de desembarque dos turistas) me abordou: "Tá aí um pessoal que tem coragem! Passei por vocês ontem, na praia da Fome!". Estávamos ficando conhecidos...
Desembarcamos e pedimos o almoço pra irmã do Gabriel: salada, arroz, feijão e peixe assado - imagina se não nos acabamos de comer. Aproveitei pra carregar as baterias na única tomada disponível do lugar, e, depois do almoço, fui fazer um mergulho pra ver qual é que era dali.

 Aproximando da Guanxuma

#Instafood 

A vista do restaurante

Guanxuma 

Mergulho na Guanxuma - ofiúro 

Cravejada 

Diga "xis", dona anêmona 

Me parece que escolheu um bom lugar pra se proteger 

Jardim vertical 

Jardim vertical II 

Cama de esponja 

Aguardando as baterias carregarem

Nos informamos com o pessoal do restaurante sobre nosso destino, a ideia era chegar no Saco do Eustáquio e dormir por lá. Soubemos que a praia tinha muito movimento, e que talvez não teríamos privacidade. Não gostamos. Havia uma praia mais adiante, pequena, deserta, mas sem água. Também desistimos. Decidimos então voltar um pouco e dormir na Caveira, totalmente deserta e com um rio. Neste meio tempo o cara da Serraria chegou e começou a discursar pra um pessoal que almoçava lá. Guardei as baterias carregadas, nos despedimos e, às 17h35 saímos da Guanxuma em direção à Caveira, onde chegamos rapidamente, em apenas 20 minutos.

Deixando a Guanxuma... 

...e chegando na Caveira.

A praia era linda! Uma bela faixa de areia, cheia de pegadas de pássaros, teiús e guaroçás, com vários chapéus-de-sol oferecendo cobertura pro nosso acampamento. Andando para o canto direito da praia, chegamos em um local onde era possível observar os vestígios de diversos outros acampamentos (o que é uma pena - o legal de acampar é sair e não deixar nada pra trás), inclusive um banco de madeira. O local ficava próximo do rio e,sem dúvida, era o melhor ponto da praia. Decidimos armar nossas barracas ali.

Praia da Caveira

Acampamento armado!

O acampamento da 2a noite

A praia, a mata, e nós. Por enquanto... 

Andamos um pouco pra conhecer a praia, tomamos nosso banho de rio e o Capitão começou a preparar algo pra comer. Eu sentei de frente pra praia e comecei a escrever o diário de bordo. De repente, ao longe, no mar, um ponto escuro. "Pai, tá vindo gente aí!". "Será que é o bêbado?" E era.
Fui recebê-lo, ainda estava alto. 
- Eu trouxe algo pra vocês! - e apontou pra três lulas no fundo da canoa.
- Poxa, muito obrigado!
- E mais! Vou fazer companhia pra vocês essa noite!!
Ave.

Me preparando pro banho 

 Caveira na Caveira!

Tentando a sorte meio sem sorte...

Sentamos e, enquanto meu pai preparava as lulas e um macarrão, o Zé (era o nome do nosso acompanhante) contou a vida toda dele. Nasceu no interior, trabalhou com ordenha de vacas, veio pra Santos, brigou com a mulher, foi morar na ilha, trabalhou embarcado em todo tipo de barco, comprou a canoa e um quarto na Serraria, os filhos moram em São Sebastião, comprou um remo, brigou com a mulher de novo, vendeu o remo, ficou com sono e foi dormir, na areia mesmo. Enquanto ele dormia, ficamos na praia, observando o céu e a intensa vida noturna do riozinho. Meu pai até pegou um pitu, um siri e um parati no rio - e com as mãos! Tem foto pra provar!

Lulas no fogo 

Calamares aux miojô

Taí o Zé, contando sua história 

 A colheita da noite

Um pitú-monstro dando um rolê de noite

Passeio noturno

Hora de dormir. O Zé reclamou do vento e arranjamos a nossa lona pra ele se cobrir. A noite logo se abriu, e eu tive que ficar um tempo a mais olhando o céu. Tentei tirar algumas fotos, mas depois vi que não deram certo... Melhor dormir que amanhã tem mais remo!

Hoje remamos por 4h10min no total, percorrendo 11,85 km. Nossa velocidade média foi de 3,4 km/h. Da Serraria à Guanxuma, como não paramos pra descansar, fizemos média de 4,6 km/h, o que dá uma boa ideia da nossa velocidade real, efetiva. Percorremos, acumulados, 34,41 km.




Nenhum comentário:

Postar um comentário