domingo, 22 de dezembro de 2013

Primeiros socorros

Estaremos viajando por aproximadamente 7 dias, somente os dois, passeando por praias, costeiras, remando, tomando sol, expostos à intempéries, mergulhando, comendo não tão bem, dormindo não tão melhor, enfim, enfrentando diversas situações não corriqueiras... A chance de acontecer algo, como uma escoriação, uma queda, um corte, picadas de insetos, espinho de pindá, indigestão, dores musculares, existe. E seria muito ruim ter que finalizar a viagem por um problemas desses!

Além de muita fé e otimismo, é importante estar preparado com um kit de primeiros socorros básico, para situações de emergência simples. Pensamos nos seguintes itens:

- Antitérmico;
- Analgésico;
- Dramim;
- Água oxigenada;
- Hipoglós;
- Gelol;
- Gaze;
- Esparadrapo;
- Agulha;
- Repelente;
- Protetor solar;
- Hipoclorito.

4 dias para a saída!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O último treino

Conforme já tinha exposto, devido a alguns problemas fiquei um bom tempo sem poder ir pra São Sebá pra remar. Porém, no dia 1º de dezembro consegui escapar no sábado, entre uma viagem e outra, e desci pra realizar o, talvez, último treino antes da travessia. Chegando em São Sebastião, eis que o sr. Donizete me vem com a surpresa:

A surpresa do Capitão

Ele havia feito quatro adesivos com o endereço do blog pra colar nos caiaques! Hehehe, boa sacada!

Levamos os coletes e sacos-estanque recém adquiridos para testá-los. O dia estava fechado, com garoas esparsas, mas o mar estava liso, de sul, com vento quase que nulo. Saímos de São Francisco, na frente do convento, e atravessamos o canal em linha praticamente reta, em direção ao Saco da Capela, próxima à Vila, na Ilhabela. Remamos 5,7 km em 1h34m, velocidade de 3,6 km/h (aproximadamente 1,5 nó). Sim, decepcionante.
Lá na praia encontramos o Daniel, um paulistano que possui uma casa em Caraguá e que estava curtindo um dia não muito de praia em Ilhabela. Se aproximou com curiosidade e perguntou se vínhamos do outro lado do canal. No final, revelou que tinha também um caiaque e que gostava de remar, e marcamos de dar umas voltas qualquer dia desses. Nos despedimos e voltamos à bordo.

No meio do canal.

A volta foi um pouco melhor, mas ainda bem ruim. Saímos do Saco da Capela em linha reta até o píer do Pontal da Cruz, em São Sebastião, e depois fomos margeando até o Bairro. Total de 6,4 km, em 1h35m, velocidade de 4 km/h (quase 2 nós).

Mar manso.

Apesar do desempenho bem decepcionante (e, na verdade, mal explicado), acredito que foi mais uma boa saída. Atravessamos o canal tranquilamente, com um pouco de chuva na volta, e, particularmente, me senti preparado para o que viemos planejando há alguns meses. Agora, acredito que a próxima vez que estes caiaques tocarem a água do mar vai ser pra dar a volta na Ilhabela! 

13 dias para a largada.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Novos itens adquiridos

Um dos itens mais importantes pra viagem, especialmente nos trechos mais longos onde não teremos locais de apoio para uma parada de emergência (ponta da Sepitiba e ponta do Boi), era o colete salva-vidas. Caso naufraguemos, pode ser que tenhamos que ficar um bom tempo na água, sem poder chegar perto da costeira, e, nessas horas, tudo que flutua é um oásis. Estes coletes de neoprene são homologados pela marinha, e, quando testados, saíra-se muito bem , com uma ressalva: aquecem demais! Isso porque testamos em um dia chuvoso...! Mas não atrapalham a remada e são bem compactos, fáceis de guardar.

Coletes e saquinhos estanque.

Os saquinhos estanque são da mesma marca destes outros, porém, bem menores, de 2 litros. Utilizamos para levar um lanche, e funcionaram excelentemente. Serão de boa serventia.

A fera equipada e pronta pra enfrentar o gigante mais uma vez.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Lidando com as marés

por Geraldo Nascimento


Vinte e seis de dezembro, dia previsto para a nossa saída, estaremos em lua minguante e no verão. Com isso aumenta a chance de termos vento de leste.
Sendo assim, sairemos pelo lado sul, que é a nossa saída preferida. Teremos que remar mais para atravessar o canal, porque estaremos com vento e corrente por bombordo. Pela manhã esses ventos são mais fracos e vão aumentando a medida que o sol vai subindo. Mas depois que atravessarmos o canal a situação deve melhorar, porque então teremos vento pela popa.
Não gostaria de ter que sair pelo lado norte, porque pegaremos de cara distâncias curtas, deixando as mais longas para o final, quando estaremos mais cansados e, possivelmente, ansiosos.
O movimento das mares não deverá influenciar muito.

São Sebastião, à direita, e Ilhabela. Não sei de quem é a foto para dar os créditos.

Encontrei hoje com meu amigo Rubens. Depois dos cumprimentos de costumes, tipo "faz tempo que não lhe vejo", "você sumiu", "nunca mais foi ao Bonete", passamos a conversar. Rubens é um dos caiçaras que eu mais respeito em termos de mar. Boneteiro muito experiente, trabalhamos juntos por muitos anos até minha aposentadoria. Depois de muita conversa, me perguntou quando iria aparecer em sua casa no Bonete. Então, lhe contei da aventura que estamos preparando e que nos veríamos em breve. Para quem não conhece Rubens, quando ele não sai da Vila por causa do mar ressacoso, é porque a coisa está realmente feia. Muitos o tem por louco; eu acho que ele tem é muita experiência de mar e sabe ler com olhar mais clínico o movimento das ondas, melhor que outros caiçaras. Eu confio muito nele. É quase um guru para mim. Então, quando lhe falei da aventura ele respondeu: -Tranquilo, é só ir devagar, passeando, você vai conseguir boas marés. Falei do meu receio para passar na Ponta do Boi. E ele: - É fácil, não chega muito perto da costeira mesmo com o mar calmo. Havia muita tranquilidade nos seus olhos. Foi um dos poucos que não me chamou de louco. Nos despedimos prometendo nos encontrar no Bonete. Até lá Rubens, meu amigo.


19 dias para a jornada.